Riqueza, civilização e prosperidade nacional

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

De 380 a 609 despedimentos

Em 8 de Agosto de 2011 fui convidado pelo Governo actual deste Portugal adormecido para assumir funções de administrador executivo na Empordef, a holding do Estado para as indústrias da Defesa. Preocupação número um na agenda: os 380 despedimentos nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) decididos pelo Governo anterior. Seriam mesmo necessários?

Após noventa dias de intensa averiguação concluímos, eu e os restantes elementos do conselho de administração, pela viabilidade dos ENVC, com medidas de ajuste de ordem social que não implicavam despedimentos daquela grandeza. A inércia subsequente ficou conhecida. O processo da minha renúncia a esse caminho também é público. Tenho-me remetido, entretanto, a um silêncio expectante sobre o assunto. O despedimento agora da totalidade dos 609 trabalhadores colhe-me de surpresa e não me parece sério. Nem o mal menor. Quem conhece a indústria, sabe que a dita destruição criativa não funciona neste sector: uma fábrica demora muitos anos a construir e, como é evidente, não funciona sem trabalhadores. Pode-se reformular, mas não se pode ressuscitar. Morreu, Inês é morta, já não será rainha, como diz o povo.

Esta não era a melhor solução. Não é, sequer, uma solução. É um buraco negro com mais 500 milhões de euros de dívida pública, entre outras complicações de ordem pública, a caminho. E ninguém assume responsabilidades, ao menos políticas (para não falar das económicas, jurídicas e éticas), por este falhanço?

Luis Miguel Novais